
Era cidade feita ao porte de vila, porém com muito assunto para ser somente vila.Lá gente morria também - muitas vezes era só o que restava de assunto.
O que aconteceu foi que as casas eram bonitas e aconchegantes, com lareira, alimento, roupa e bicho de estimação. Mas as ruas eram cheias de pontos de encontro, havia quem bebesse e esquecesse e quem na vida jogasse o dinheiro fora, vida meio sem vida , sobretudo nos vícios. O que pretendiam com isso era apenas reflexo da alma. Como queiram “alma é tudo igual e arruma assunto na solidão ”
A força daquela gente sempre foi um par de amuletos, o do homem era trabalho e o da mulher dedicação.
Então quando nasce um dia qualquer, um dia de escolha perfeito e milimétrica isso numa cidade como aquela significava renovação. Havia fogos que estouravam, dança de roda, churrasco, sanfona, viola, batata doce, ponche e namoro.
Havia também o que há em qualquer lugar - a coisa chamada solidão. A pobre moça quis correr disso e inventou casamento na cidade. Na festa teve de tudo até tiro.O balaço foi certeiro, o condenado não tinha nada com a historia, até porque o acontecimento tinha que ser marcante. A tal cidade mudou novamente na medida da necessidade e até que as pessoas repensaram, mas é muito provável que os dias que se seguiram foram diferentes.